quarta-feira, 19 de março de 2008

Antes de Partir

Dois atores excepcionais, Morgan Freeman e Jack Nicholson, estrelam esse filme que não chegou a arrancar-me lágrimas (embora tivesse ido preparado para isso), mas rendeu algumas horas de reflexão. Volta e meia essas questões existenciais ocupam nosso tempo, seja com uma música, um filme, um e-mail, uma frase escrita num livro ou dita por um amigo. Diante da certeza da morte os dois personagens resolvem aproveitar o que ainda resta da vida e descobrem que viveram nesses poucos meses mais do que durante todos seus anos passados.

Há um ponto a se considerar aí. O que permitiu a eles aproveitar intensamente o mundo no final de sua peregrinação terrana foi o dinheiro do velho. A viagem ao redor do mundo foi proporcionada por muita, mas muitas grana. Estar no Egito, no Taj Mahal, nas Muralhas da China e em todos os lugares por que eles passaram é realmente maravilhoso, mas para poucos. O discurso é ótimo, a idéia de que "devemos aproveitar nossa vida como se fosse o último dia" é válida, mas o filme explorou um "aproveitar" caro e inacessível para a maioria dos mortais. Todos sabem que embarcar numa viagem ao redor do globo renderia muitos aprendizados e lembranças, quem não quer isso? Mas está ao alcance de todos? Desafio mesmo é bolar uma forma de reescrever esse filme e passar as mesmas lições sem deixar os personagens saírem dos seus bairros.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Juno

Ouvi dizer em algum lugar que foi indicado ao Oscar. Não vou checar a informação. Juno é um filme muito bonito, na mesma linha do Pequena Miss Sunshine. Esteticamente falando ele sai do convencional logo na abertura, onde um desenho animado se funde ao passeio da garota pela rua. As roupas, os cenários e o jeitão largado da menina me lembrou muito aquele seriado da década de 80: Punky (http://br.youtube.com/watch?v=f-j3P4_4k0I).
A história é sobre uma adolescente que engravida e resolve dar seu filho à um casal que terá mais condições psicológicas de criá-lo. Uma sacada esperta da menina, já que ela nem sabe no início do filme se é apaixonada pelo amigo que a engravidou. Achei o menino muito lerdão, mas depois me envergonhei desse pensamento porque vi que ele reagiria melhor do que eu na mesma situação. A menina é imatura, como qualquer adolescente, mas depois vemos que ela tem muita fibra e resolve à sua maneira todos os embaraços colocados pelos fatos. A família dela é muito gente boa, criando um ambiente favorável para as ações e decisões da personagem. Muito da força de Juno vem do apoio que seu pai lhe dá, já que ela fica rodando o dia inteiro com aquele carro e nunca vi ela parar num posto pra abastecer. E pagar! E olha que aquele utilitário que ela anda bebe muito!!!

O pior é que a família que ela pretende dar o filho não é muito mais madura e resolvida do que a dela. Portanto, o filho não terá uma mãe adolescente, mas se o ambiente adotivo será mais "normal" nunca saberemos. Saí do cinema com a impressão que o pai adotivo é sufocado por um casamento horrível e que o Pai de Juno seria muito melhor como referência masculina para a criança.

Sentido desse espaço.

Tudo que eu faço tem algum propósito escondido. Não vejo muito sentido em fazer coisas sem sentido. Quero aplicações práticas para as minhas ações. A aplicação prática desse blog é deixar registrado as impressões sobre os filmes que eu fui ver no cinema essa semana. Pode entrar nessa lista também a impressão que tive com algum DVD que aluguei, mas ultimamente estou indo mais ao cinema que alugando DVD´s, portanto terei mais material vindo dessas salas escuras. Para evitar que a memória me traia, faço uma anotação na contracapa. As horas que passei sendo escravo desses diretores renderão comentários. Esse blog é a contracapa dos meus filmes.